terça-feira, 1 de março de 2011

Artigos - O Mito do Panzergrenadier (parte 4)

A aplicação táctica

Em qualquer caso - infantaria simples, motorizada, mecanizada, ou mesmo tropa blindada - a divisão propriamente dita tinha mobilidade limitada. Os elementos tácticos podiam ter mais ou menos mobilidade, mas o grosso da divisão continuava ligado à estrada.
Quanto à infantaria, a normal combatia como marchava: a pé. Quando se tratava de uma progressão já em condições de combate, o avanço era feito a pé aproveitando as coberturas e desenfiamentos que o terreno pudesse dar. Não esquecer também um facto importante: uma formação de infantaria, por desvantagens que tenha, é um alvo muito menos visível à distância que qualquer viatura. Além disso, a infantaria pode fazer uma coisa que uma viatura não faz: quando a coisa se torna feia, mete o nariz no chão!
A infantaria motorizada, se tinha vantagem na deslocação em estrada em marcha fora de contacto, quando se aproximava da zona de combate tinha que desmontar e enviar as suas viaturas de transporte para lugar seguro, ou simplesmente quando o eixo de marcha se afastava da estrada. Em seguida a tropa fazia a sua aproximação a pé, tal como a infantaria normal. Tinha que desmontar por duas razões: a viatura de transporte não tinha capacidade todo-o-terreno, e além disso um camião no campo de batalha é um alvo demasiado óbvio e totalmente frágil relativamente a qualquer arma.
Quanto à infantaria blindada, já dispunha de viaturas todo-o-terreno, podendo portanto deslocar-se mais com maior flexibilidade no campo de batalha. No entanto a blindagem não era muito resistente, dando protecção apenas contra armas ligeiras de infantaria e estilhaços dispersos. Era um alvo muito visível e vulnerável a qualquer arma anti-carro decente a qualquer alcance, inclusive às espingardas anti-carro, que embora relativamente inúteis contra tanques mantinham a sua utilidade contra este tipo de viaturas. 
A propósito das espingardas anti-carro, o Exército Vermelho manteve estas armas até Berlim, muito depois de os outros exércitos já as terem abandonado. Além do efeito nas viaturas de blindagem fraca, tinham grande utilidade em combate de ruas, devido à capacidade de penetrar paredes de tijolo e betão. Entretanto percebi também de fontes russas que tinham também efeito sensível nas viaturas blindadas maiores nas superfícies laterais e trazeiras. Isto obrigou os alemães a aplicar as "schuerzen", as placas de blindagem lateral separadas, que pareciam ser sobretudo defesa contra projécteis de efeito dirigido. Ora o Exército Vermelho não usou nem bazookas, nem Panzerfäuste, nem nada disso! Donde a conclusão parece simples!
Voltando ao raciocínio anterior, de modo que mais tarde ou mais cedo chegava sempre um momento em que a infantaria blindada tinha que se apear, sob pena de a viatura ser destruída, junto com o conteúdo. 
Ao fim e ao cabo, a infantaria montada - em camião ou SPW - deslocava-se rapidamente em estrada ou TT, conforme, em terreno coberto ou desenfiado, em áreas de vulnerabilidade reduzida. Assim que a situação ameaçasse tornar-se perigosa para as viaturas a infantaria tinha que desmontar antes que a ameaça se efectivasse.

Miguel Morão

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