sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Artigos - Orgânicas na 2ª Guerra Mundial (parte 2)

... Simbologia

As organizações utilizam a simbologia corrente utilizada pela NATO por uma questão de uniformização e facilidade de leitura. Não é necessariamente a que era empregue pelas nações referenciadas, mas suponho que assim será mais fácil.
Aqui vão alguns exemplos mais habituais

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Artigos - Orgânicas na 2ª Guerra Mundial (parte 1)

... e o Jogo de Guerra

Qualquer corpo de tropas é constituído por uma combinação de pessoal e armamento de forma organizada. Esta organização surge não por acaso mas sim como reflexo da doutrina do exército a que pertence.
Estas estruturas são normalmente iguais dentro da sua categoria, de modo que se um elemento de pessoal for transferido de uma para outra, facilmente se integrará ao encontrar uma organização igual àquela donde saiu. Não só isso, como os comandantes sabem que dispõem de forças de constituição homogénea, e sabem o que hão-de esperar de cada sub-unidade, e a logística necessita saber quais são as necessidades de cada unidade.
Ora se nós na mesa de jogo tentamos reconstituir os feitos do passado, é bom que sigamos as mesmas estruturas de comando quanto mais não seja para podermos dispor dos mesmos instrumentos que os protótipos. De outro modo assistimos frequentemente na mesa de jogo a espectáculos de tropas completamente desequilibrados, e totalmente desligados da realidade.
Assim sendo, o que é de esperar encontrar numa mesa de jogo são unidades mais ou menos homogéneas e coerentes. O tempo dos "exércitos de carrinho de compras" (2 pelotões de Waffen-SS, com um Jagdtiger, dois Hetzers e um PzIV, tudo comandado por um Panzerorkscharfuhrer) já passou à arqueologia dos jogos de guerra. Mais tarde desenvolveremos o tema.

Em termos muito gerais e referindo-nos ao período da 2a. Guerra Mundial podemos descrever o modo de organização das tropas, esquematizando de baixo para cima.
Assim, diremos que o soldado de infantaria combate dentro de uma Secção. Uma secção era constituído por uma dezena de homens comandados por um sargento (ou patente equivalente). Cada soldado é armado com uma espingarda de repetição, manual ou semi-automática, e a secção dispõe normalmente de uma arma automática colectiva - uma metralhadora ligeira sob várias formas. Tacticamente o sargento divide a secção em duas Esquadras, de Arma Automática e Atiradores, que se apoiam e complementam.
Acima da secção temos o Pelotão, comandado por um oficial de baixa patente (alferes, tenente). O comandante do pelotão, com um pequeno estado-maior constituído sobretudo por pessoal de transmissões (nem que seja um estafeta) comanda 2 a 4 Secções, e por vezes dispõe de uma arma de apoio ligeira, como um ou dois morteiros até 50mm, e eventualmente armamento anti-tanque ligeiro, como armas lança-foguete - bazooka e afins.
Acima do pelotão vem a Companhia. Mais uma vez se mantém o mesmo esquema: um comando, um número de sub-unidades de manobra, e um número menor de sub-unidades de apoio. Aqui falamos de 2 a 4 pelotões de atiradores e um pelotão de armas pesadas, normalmente metralhadoras.
Acima da Companhia vem o Batalhão. O Batalhão é em muitos exércitos a unidade mais baixa capaz de operar independentemente. Assim, o Batalhão vem normalmente equipado com o seu Comando e Serviços, suas sub-unidades de manobra (as companhias) e uma série de sub-unidades de apoio que lhe dão flexibilidade suficiente para fazer frente a vários tipos de ameaça. Deste modo o Batalhão é dotado de meios orgânicos como componentes de engenharia, morteiros, armas anti-tanque, armas anti-aéreas, etc.
E por aí acima, seguindo-se (geralmente) o Regimento ou Brigada, Divisão, Corpo de Exército, Exército, e Grupo de Exércitos. É evidente que há muitas variações nacionais, mas o esquema é mais ou menos este.

Estas estruturas são por norma fixas, o que não impede os comandantes de redistribuírem forças dentro das suas organizações constituindo agrupamentos temporários. Por exemplo, um comandante de companhia se entender necessário ter a flexibilidade de distribuir as metralhadoras do seu pelotão de apoio pelos pelotões de manobra.
Isto que dizer que um comandante pode dispor dos meios sob o seu poder para reforçar as suas unidades. Seguindo o exemplo do parágrafo anterior acima, um comandante de pelotão veria assim a sua unidade reforçada com uma ou duas metralhadoras de maior capacidade de fogo.
Estas estruturas são como disse acima bem determinadas, eventualmente sujeitas a ligeiras variações voluntárias. No entanto não podemos esquecer que em qualquer ocasião e sobretudo em tempo de conflito, todas estas organizações funcionam a efectivos diferentes do previsto, mais concretamente diminuídas. Causas da diminuição? Sobretudo baixas por acção militar (mortos e feridos) e doença. Há que contar também com pessoal destacado para outras unidades e que ainda não regressou, recompletamentos que não chegaram ou que estão em instrução ainda, etc. Enfim, tudo o mais que puder cair sob a alçada da Lei de Murphy. Principalmente afectadas por esta redução de efectivos são as unidades que estão na linha da frente, na trincheira, por assim dizer. A infantaria numa grande unidade é quem sofre o maior número de baixas, de modo que é de esperar que as unidades de infantaria tenham habitualmente as organizações desequilibradas, com as tropas de apoio em relativo bom estado, e com as sub-unidades de atiradores mais ou menos desfalcadas.
Quanto ao equipamento, pode estar também reduzido por um sem-número de razãos: perda em combate, avaria simples, falha do material de tracção - motorizado ou hipomóvel, deficiência do pessoal operador, etc.
Sendo assim não surpreende a sardónica piada do SS-Oberstgruppenführer Sepp Dietrich a propósito da sua unidade: "O meu exército chama-se 6o. Exército Panzer porque tem 6 Panzers"!

Miguel Morão

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Artigos - Peças de Terreno - As Árvores (parte 2)

Cortam-se três ou quatro pedaços de arame de comprimento variável (no caso foram três troços com 13 cm), entrelaçando-se até uma altura considerada suficiente, tendo em atenção o suporte (raízes) e o que constituirá o suporte da copa (ramos).







Após isto, entortamos os arames superiores, dando a forma ao esqueleto. 
De notar que há casos (como este) em que não iremos ver os ramos, mas tão somente a copa.








Seguidamente, procedemos à colagem (com super cola) do esqueleto na base (cartão ou acrílico), após o que colamos (com super cola) a esponja que dará a forma à copa. 
Esta é uma das operações mais interessantes.









Neste ponto, temos de proceder a uma pequena rectificação: o acerto de cores; pois a esponja é muito clara. Com spray preto ou, na falta deste com uma aguada de preto, tinge-se a esponja.












Após a definição e pintura da copa, vamos dar forma ao tronco com a pasta de reparações (de notar que este poderá ser alterado posteriormente).











Pode-se dar como concluída a fase inicial. Segue-se o arredondamento da copa: com a colagem (com UHU ou cola líquida espalhada com um pincel) de tiras e pedaços do esfregão abrasivo vamos dar a forma final à copa: temos definida a árvore.

Chamo a atenção para o seguinte: a UHU deixa fios, a cola líquida tem um período de secagem bastante demorado. Como ainda não vi nenhuma árvore que fosse perfeitamente simétrica, sou contra a simetria das copas das árvores (para isso, compram-se já feitas).



Chegámos ao ponto em que procedemos ao embelezamento da copa, pincelando com cola líquida e deixando cair os pequenos flocos das maquetas.

No caso presente, o material cénico era muito claro, o que implicou uma posterior correcção de tom, polvilhando com outro mais escuro, tendo sido aplicada cola novamente onde se considerou necessário. 







Chegou a altura de se proceder à rectificação do tronco e preenchimento da base com a massa de reparações. 













Após estar concluído, basta esperar que seque para passarmos à fase de pintura. Esta, por se aproximar o final do trabalho, é das mais agradáveis: neste caso vamos somente pintar o tronco pois em relação às folhas já se conseguiu obter um tom que agrada graças aos materiais usados (a pintura de folhas fica para outro dia). 

A pintura de um tronco: já alguém viu um tronco castanho? Só de sobreiros após ter sido colhida a cortiça. De resto, os troncos têm um tom cinzento escuro, ou preto com laivos acastanhados, ou verde cinza; tudo depende da espécie. 


Com base nestes pressupostos, procede-se então à pintura do tronco e terreno da base.

E temos a nossa árvore. Faço notar que, devido ao tempo de secagem das colas, pasta e tintas, o tempo que se gasta a fazer uma é igual ao que se demora a fazer quatro.

Nuno Serra

sábado, 4 de dezembro de 2010

Artigos - Peças de Terreno - As Árvores (parte 1)

Há uns anos atrás, cheguei à conclusão que uma das coisas menos atractivas nas mesas de jogos são as peças de terreno. Com frequência se vêem centenas de figuras (melhor ou pior pintadas) a evoluir num terreno de uma pobreza franciscana. Um dos casos mais gritantes são as árvores: daquelas que se encontram no mercado, umas são feias (as mais baratas), as engraçadas são muito caras.

Procurei desenvolver uma maneira de obter árvores baratas, bonitas e com um dispêndio de trabalho moderado. O resultado pode ver-se na foto anexa.

No último torneio de DBA, notei um franco interesse por parte de diversos jogadores pela maneira como eram feitas as árvores e, com um pequeno empurrão do Hilário, cá estou a tentar passar para texto a experiência das árvores. Por hoje, vou só indicar os materiais, noutros artigos será feita a descrição da construção, acompanhada por fotos dos diversos passos.

Materiais:
-    Pasta para reparações (Polyfila, Hantek, Aquaplast, etc.);
-    Esponja de lavar loiça;
-    Fio eléctrico (descarnar o cobre - quanto mais grosso, mais difícil de trabalhar, mas mais resistente);
-    Esfregão abrasivo (verde) de lavar loiça;
-    Colas (Super Cola da Locktite ou similar, UHU, líquida Totocola ou similar);
-    Material cénico verde, um ou mais tons (pequenos flocos usados nas maquetes de comboios);
-    Cartão ou acrílico para a base;
-    Spray preto [pode ser substituído por pintura (aguada) manual].

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Entrevista com Miguel Morão (parte 3)

Depois de algum tempo de ausência, surges agora como presidente da A21, como é que isto acontece? 
Acontece pela razão que fui eleito… E fui eleito porquê? O facto de eu ter estado ausente nestes últimos anos criou em mim um certo distanciamento, um certo afastamento das crispações e dos problemas do passado mais recente. Na verdade, as pessoas que criaram a A21 estavam um tanto desgastadas por um processo de separação da outra associação de onde saíram, que teve contornos não totalmente agradáveis. De modo que a minha pessoa e o meu modo de pensar mais descomprometido com o passado pôde  trazer alguma estabilidade e algum pensamento fora dos moldes habituais. Por outro lado há a vantagem de eu estar livre de contenciosos, de modo que não há qualquer impedimento para seja quem for de qualquer origem poder tratar com o presidente da A21.

A A21 é um projecto pessoal?
Fico um bocado surpreendido com esta pergunta… Por um lado é pessoal, pois que se a A21 é tão pequena, as diferenças de personalidade entre os seus sócios marcam qualquer linha de acção, naturalmente. Por outro lado, não se trata de um projecto pessoal visto que as pessoas que constituem a Almada 21 têm um modo de pensar suficientemente fluido, maduro e desprendido para facilmente aceitar consensos, e até suprir a falta de qualquer dirigente em caso de necessidade. Quanto ao presidente, digo desde já que o cargo estará à disposição nas próximas eleições, e os votos dirão quem é o seguinte. Ninguém está agarrado a cargo nenhum, não há vanglórias.

Na A21 é dada grande ênfase à criação de núcleos/delegações fora da vossa área geográfica, seja no Peru ou no Benelux, a que se deve esse interesse por esta forma diferente de organização?
A Almada 21 tem um nome muito “localista”, mas isso é uma distorção causada pelo processo de registo. Chama-se Almada mas podia chamar-se O Mundo Todo… O que nos interessa não é uma localização geográfica, mas sim uma comunidade de interesses e afinidades pessoais. Temos sócios no Peru, no México, na Argentina, no Porto, no Benelux, na Grande Lisboa, mas trata-se como já disse de pessoas com afinidade pessoal e facilidades técnicas de contacto.
Ora esta dispersão geográfica tem uma implicação: os sócios mais distantes não têm grande facilidade em jogar com o “núcleo central”, chamemos-lhe assim. Então o que fazemos é auxiliar esses sócios mais afastados a constituir os seus núcleos. Fazemo-lo por transmissão de conhecimentos, de experiência do modo de constituir associações de pessoas de modo a que possam ao criar os seus núcleos locais poderem evitar ao menos os tropeções mais óbvios.

Com esta forma de organização a A21 pretende ser hegemónica ou pelo contrário pretende criar condições para o surgimento de novas e diferentes associações.
Se a A21 pretendesse ser hegemónica não teria futuro. É evidente que quem é sócio, está fisicamente afastado e quer formar o seu grupo o pode fazer, e tem todo o apoio possível do “Centro”. Se em altura oportuna esse grupo entender que não tem necessidade de depender da A21 em nada, pois que podemos nós fazer para contrariar? Encaremos isto como uma analogia ao processo das cidades gregas do período clássico, que enviavam colonos para fundar outras cidades mais afastadas. Correndo tudo bem mantinham um laço afectivo à cidade-mãe, mas eram autónomas.

A A21 não cobra qualquer quota aos seus associados, no entanto consegue financiar a participação de equipas suas em actividades, como é que consegue?
Não dispondo de fundos próprios, a A21 depende da boa vontade de outras entidades, quer privadas, quer públicas. O que se passa é que a A21 é uma organização idónea, com boas capacidades de realização, como já está comprovado. Por este motivo,  não encontra impedimento em obter patrocínios para as suas realizações, constituindo a A21 um bom suporte publicitário.

A A21 não cobra qualquer taxa de inscrição para a participação nas suas actividades. Assim sendo porque é que alguém há-de ser sócio da A21?
É muito simples… Mas vamos meter um parêntesis, e dizer que as taxas de inscrição podem não ser obrigatoriamente gratuitas Pode dar-se o caso de falhar um patrocínio, e então não se justifica que a A21 ande a pagar de seu bolso para outros aproveitarem. Acho que é de justiça.
É evidente que sendo as inscrições nas actividades da A21 gratuitas, aparentemente tanto faz ser sócio como não ser. Mas há mais do que isso. Ser sócio da Almada 21 tem outras obrigações e contrapartidas sem ser as financeiras. Existe a obrigação de se dar um contributo positivo para o jogo de guerra, existe a obrigação de manter um certo nível de comportamentos dentro da associação. Muito em resumo, posso dizer que é necessário um certo grau de civilização – o que não é fácil. Todos os sócios existentes da A21 cumprem estes requisitos e o facto de a A21 cobrar quotas do nível que cobra (zero!) dá-nos o direito de ser selectivos na entrada, ao contrário do que é costume em que se paga uma quota mais ou menos alta, o que leva as pessoas a pensar que com isso compraram direitos de origem divina.
Ainda não discutimos isto, mas penso que um bom lema para a Almada 21 poderia ser tirado de Shakespeare: “We few, we happy few, we band of brothers…” (Henry V, acto 4. Vão lá ler que vale a pena!).
O que é que a Almada 21 oferece em troca aos seus sócios? Materialmente oferece pouco, infelizmente. Por outro lado oferece uma garantia de bom convívio, de atmosfera de jogo muito competitiva e exigente, mas descontraída e bem-disposta, coisa rara. Oferece oportunidades de participação e de apoio às iniciativas dos sócios. E agora oferece também um espaço que não estava lá muito previsto, que é uma espécie de chantilly no bolo.

Para terminar, o que pretendes que venha a ser a A21?
A A21 é mais um passo num continuum de amizades que já vêm de trás. Espero que continue com o espírito com que está, e que sirva para espaço de encontro de mais amizades ainda que o futuro venha a trazer.  

Miguel Morão Abril 2003