quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Troféus VIRIATO de DBM

Troféu Viriato - para exércitos de 834 a.C. até 25a.C


Foram realizadas 4 edições deste torneio, que foi batizado com o nome de Viriato por razões óbvias de afectividade para todos os jogadores e porque este "viveu" no período histórico que incluí os exércitos do período acima referido.

Estas actividades têm servido como espaços lúdicos e de convívio entre os jogadores de DBM em Portugal, levando a uma melhoria do jogo individual praticado e ao aparecimento de novos jogadores e de novos exércitos.

sábado, 10 de setembro de 2011

Artigos - Como eu jogo com... Macedónicos

Como eu Jogo com... Macedónicos
(lista 12, Livro 2)

Devo dizer que a minha relação com o exército Macedónio já vem de muito longe, com efeito desde que eu comecei a jogar jogos de simulação, ha cerca de quinze anos e, atenção, esta relação começou por ser algo conturbada! E isto porquê? Muito simplesmente porque os Macedónios foram os meus primeiros oponentes nos jogos de simulação, no tempo das 6ª e 7ª edições da WRG (Não, não tenho saudades destas regras!), contra os meus fieis Palmiros, o meu primeiro exército em jogos de simulação (Sempre achei espantoso como uma cidade se revoltava contra um Império e conseguia manter esse Império em cheque durante dez anos, tinham que ser, nas palavras do imortal treinador do Benfica Graeme Souness, homens com «big balls», daí a minha escolha deste exército). Quais foram os resultados destes titânicos combates entre Macedónios e Palmiros? Bem, nos meus primeiros sete jogos perdi seis e empatei um! Brilhante, não acham? Claro que estes resultados iniciais são normais, até porque eu pedi ao meu oponente que não fosse paternalista nem condescendente, só aprendendo com os nossos erros é que podemos melhorar o nosso nível de jogo e tornarmo-nos melhores jogadores, como eu já referi noutras ocasiões. Aliás, esta é uma história que eu costumo contar aos jogadores que se iniciam em DBM, para verem que os resultados iniciais não nos devem desmoralizar, pelo contrário, só devem contribuir para nos esforçarmos por melhorar o nosso nível de jogo.
Claro que tão violento tratamento de choque, apesar do que eu acabo de mencionar, deixa sempre algumas marcas, além de que eu sou um homem de história e que sempre teve uma grande paixão por exércitos e comandantes que mudaram a história do mundo, por isso quando, alguns anos mais tarde, o meu amigo João Emanuel pôs os seus Macedónios à venda segui aquela velha máxima popular “Se não os podes vencer junta-te a eles!” e comprei o exército. Após uma campanha de sensibilização junto das tropas, e de alguns $ubornos, é claro, os Macedónios acabaram por aceitar o seu novo comandante e partimos então para uma série de gloriosas campanhas contra muitos e variados oponentes. E como é este exército com o qual eu já disputei mais de vinte jogos? Como é que eu jogo com ele?
Em todos estes jogos joguei sempre com a mesma versão do exército, i.e. com o Alexandre como comandante e em 325 A.C., isto porque esta versão possibilita-me utilizar mais três elementos de cavalaria ligeira, os hippakontistais, que são fundamentais para garantir estabilidade ao exército nos flancos pois só com seis elementos de cavalaria ligeira ou concentro toda a cavalaria ligeira num flanco e desguarneço o outro, com todos os riscos que isso implica, ou guarneço as duas alas só com três elementos cada, o que torna ambas extremamente frágeis e não é, de modo algum, a melhor solução a adoptar. Com nove elementos de cavalaria ligeira o exército Macedónio fica muito mais equilibrado e, por falar em equilibrado, quando me perguntam qual a vantagem deste exército, sabem qual é a resposta que eu costumo dar? É precisamente essa, é um exército equilibrado. Ele não possui super tropas, como Cavaleiros Superiores ou elefantes, e notem também que este exército não possui um elemento que seja de archeiros, mas é um exército que faz as delícias de um jogador experiente e as razões são muitas, conforme eu vou começar a apontar.
Primeiro que tudo é um exército com generais regulares, o que lhe dá uma grande segurança de manobra, não há o risco de quando estamos numa fase crítica da batalha tirarmos 1 nos dados e ficarmos impotentes a ver o nosso oponente «fazer-nos a folha» com toda a impunidade (Só se, claro, por grande azar tirar 1 nos três dados mas para isso não há soluções...) além de que é um exército comandado por Alexandre o Grande em pessoa! Já sugeri aos meus oponentes que, para dar mais realismo aos jogos com este exército, a base do Alexandre não devia ter factor cinco mas sim factor seis, para reflectir o facto de ser o maior comandante da história que o lidera, mas ninguém aceitou. Não sei porquê...
Segundo, possui as tropas mais famosas da história. Quem não conhece os Hipaspistas, os Companheiros, os Prodromoi, os Pezetairoi? Com tropas destas até um jogador fica mais seguro daquilo que vai fazer pois sabe que, por norma, as suas tropas nunca o deixarão ficar mal...
Terceiro, tem tropas óptimas para todo o tipo de terreno. Possui 9 Knights(F), os Companheiros, Generais incluídos, que são o punho de aço do exército e que são óptimos para manter em respeito quaisquer warbands atrevidas que se lembrem de carregar os meus piqueiros, possui 12 auxilias superiores, os meus Trácios, que são excelentes para «limpar» terreno difícil e neutralizar quaisquer emboscadas, pode possuir até 60(!) elementos de piqueiros, que são a bigorna do exército, ideais para aguentar o centro contra quase todo os tipos de tropas adversárias, além de que possui 4 elementos de Tessálios, a melhor cavalaria da antiguidade, na minha opinião claro, a quem os meus Companheiros já por mais de uma ocasião ficaram em dívida...
O modo como jogo com este exército é simples. Faço três comandos, um dos quais é o mais móvel e que possui a maior parte das minhas tropas montadas, enquanto os outros dois possuem os piqueiros e algumas tropas montadas, que têm por missão aguentar o centro e o outro flanco do exército. Por norma lanço um ataque com a ala mais forte de cavalaria enquanto o centro e a outra ala vão avançando, de modo a causar pressão no dispositivo inimigo. Se o ataque da minha cavalaria resultar o jogo fica praticamente decidido pois na maior parte dos casos o adversário fica com um comando desmoralizado, o que me permite então lançar um ataque com todo o exército que, normalmente, consegue «amealhar» os elementos que faltam para provocar a desmoralização de todo o exército do meu oponente. É um pouco a táctica do martelo e da bigorna...
Se este ataque não resulta há então que procurar ir desgastando lentamente o exército do meu oponente, e.g. os meus auxilias trácios podem apanhar 3 psilois (O) e destruí-los, os meus Tessálios, com a Cavalaria a duas bases atenção, podem destruir dois elementos de Cavalaria Ligeira, entre outras situações. O facto de possuir generais regulares dá a enorme vantagem de podermos quase sempre optar pelos pontos onde possuímos vantagem local e onde os PIP’s poderão ser melhor empregues contra o nosso oponente. É, por norma, um erro gastar dois PIP’s para lançar dois elementos de cavalaria ligeira contra um cavaleiro pesado se, e.g., esses PIP’s puderem ser utilizados para lançar dois auxilias contra dois Psilois. As possibilidades de sucesso são bem melhores e será na mesma um elemento a contar para a desmoralização do exército do meu oponente...O nome desta táctica?
A táctica do mosquito! Não recomendada contra elefantes superiores, conforme eu pude constatar às minhas custas num jogo que fiz contra eles. Como disse o meu oponente, os elefantes não têm medo de mosquitos mas sim de ratos.
A verdade das coisas simples é sempre lapidar...
Este exército possui então pontos fracos? Claro que possui mas eu não vos devia dizer quais, não é verdade, vocês é que deviam puxar pela cabeça e descobri-los mas como tenho bom coração vou dizer-vos dois desses pontos. Os outros ficam a vosso cargo descobri-los...
O primeiro é, inegavelmente, a ausência de archeiros. Se bem que isto facilita a composição e o dispositivo do exército é um facto que alguns elementos de archeiros são muito úteis, sobretudo para quebrar linhas ao adversário ou para atemorizar tropas montadas com a pérfida ideia de atacar os nossos flancos. Por algum motivo no final da sua vida Alexandre estava a treinar a sua falange para possuir archeiros persas que a tornariam, ainda, mais temível... Esta opção, aliás, está mencionada na lista 15 do livro 2, o Exército Imperial de Alexandre...
A segunda desvantagem é o facto de que basta perder duas falanges de piqueiros a quatro linhas para desmoralizar um comando e colocar todo o exército, e quem o comanda, à beira de um ataque de nervos...
Lembro-me especialmente bem de dois jogos contra o Brian Pierpoint (Sim, já jogo com este exército há alguns anos!) e contra o Nuno Alves em que eu estava a bater com sete de factor base contra três do meu oponente. Nada que dois seis seguidos do Brian e do Nuno Alves contra lançamentos de um e dois tirados por mim não resolvessem... Nem é preciso mencionar qual foi o resultado dos jogos, não é verdade? Claro que isto é a excepção à regra mas estas situações às vezes acontecem e contra isto não há Alexandre nem táctica que resista...
Mas, o que é fundamental frisar para quem queira jogar com este exército, é que este é um exército com história, é suficiente ler a obra de Arriano sobre as suas Campanhas ou a obra de J.F.C. Fuller sobre a capacidade de comando de Alexandre o Grande para ficar com uma enorme vontade de ver estas tropas na mesa e ver como elas se portam em combate. E, claro, com os Macedónios há sempre muito que contar... Lembro-me particularmente bem de um jogo em que a minha Cavalaria mercenária Grega, dois elementos de Cv(I), destruiu 9 (nove!) elementos ao adversário, entre cavalaria ligeira, pesada, auxilias e outras tropas...
Ora se Cavalaria (I) faz isto e ainda por cima Alexandre o Grande comanda as tropas do que é que estão à espera? À carga!!! - Com muitos seis de preferência...
Bons jogos para todos.

João Paulo Caroço