domingo, 28 de novembro de 2010

Entrevista com Miguel Morão (parte 2)

Não tendo ainda 1 ano de vida e apenas 6 meses depois de se decidir a tal, a A21 tem já ao seu dispor uma sala de jogos. O que nos podes dizer sobre isto?

a) Porquê? Augusto Martins abre pela primeira vez a porta do nova sala
Esta sala de jogo surge mais ou menos involuntariamente. A Almada 21 foi constituída por pessoas que saíram por uma razão ou por outra de outra associação, e o modelo de alojamento desta tinha sido uma das componentes do processo que arrastou à saída da maior parte destes. Assim sendo estava imediatamente rejeitada a aquisição de um espaço do mesmo tipo e sob a mesma modalidade. Entretanto reconhecia-se a necessidade de existir um espaço mais pequeno onde fosse possível guardar em segurança e sem incómodo para nenhum sócio os materiais de cenário colectivos. Depois de muito esforço surgiu esta oportunidade. Foi uma surpresa, pois como dei a entender acima era muito mais do que o que se pretendia, mas na verdade a oportunidade era tão boa que não se podia deixar escapar.

b) Para quê? Como disse, principalmente para armazenamento de material de cenário e afins. Visto que o espaço chega e sobra para mais, podemos aproveitar para colocar umas mesas para jogos particulares, de instrução ou treino, etc. Além disso serve também como sala de visitas caso queiramos receber alguém mais dignamente. Para actuações mais vastas continuamos a preferir usufruir da hospitalidade de lojas, autarquias, etc., de modo a obtermos mais visibilidade pública, que naturalmente não temos se ficarmos enfiados no casulo. Mas temos que nos preocupar em ocupar o espaço com a dignidade a que estamos habituados e que merece a entidade que no-lo cedeu.

c) Onde se localiza? 
Na Caparica, no Parque de Sto. António, onde já fizemos um par de torneios, logo à direita de quem entra! O que quer dizer que ainda por cima as pessoas já estão familiarizadas com o local. Nada como um bom jogo com passarinhos a cantar e um parque de fora para se fazer um churrasquito  entretanto!

d) Foi difícil consegui-la?
Há alguma coisa que seja fácil? É claro que não. Não é com facilidade que se consegue obter alojamento seja para o que for, ainda por cima com as disponibilidades financeiras que a A21 tem. Foi preciso bater a muita porta, gastar rios de diplomacia, mas valeu a pena. Não há dúvida que os sócios da A21 devem um agradecimento aos que mais directamente se empenharam nesta tarefa, que por acaso costumam ser os mesmos que quando há qualquer actividade no exterior são os mesmos que acarretam material diverso, mesas, trabalhos levezinhos e que ninguém se lembra de agradecer...

e) impressões sobre a sala?
Esta é uma sala bastante vasta, pintadinha de branco o que lhe dá excelente luminosidade, com amplo espaço para quatro das nossas mesas standard de 1,80x1,20m. Duas janelas que dão para Oeste, para o parque de Sto. António da Caparica (erva, árvores, um minigolfe, assadores para um churrasco, etc!). WC a 15m, restaurantes e bares a 10 minutos a pé. Num dia sem trânsito, de minha casa na margem Norte até lá foram 20 minutos. No verão é pior por causa da praia, mas no verão só "cães raivosos e ingleses" (e eu!) se preocupam com wargames! Melhor só se fosse no Ritz com um benemérito a pagar a renda vitalícia!

O que é a A21? A A21 em acção! MM diz a PC que os seus húngaros falam búlgaro. PC ameaça transformar o nariz presidencial em peça de terreno.
A Almada 21 é uma organização pequena, compacta e homogénea. É uma entidade devidamente registada no Registo Nacional de Pessoas Colectivas, tem o seu corpo de sócios, tem os seus corpos gerentes devidamente eleitos em Dezembro do ano passado, tem toda a existência devidamente legalizada. Mas agora em termos que se entendam, a A21 é um grupo de pessoas que gostam de soldadinhos, gostam de os pintar, gostam de os manobrar em cima de uma mesa, e que gostam do convívio com pessoas que partilham os mesmos interesses. O que a distingue de outras associações é que na realidade há uma coesão especial entre os sócios, o que gera um excelente ambiente interno.
       
Curiosamente a A21 tem no seu activo um número de sócios não portugueses, mais concretamente da América Latina. Estes surgiram por vários contactos anteriores, e como entravam no âmbito dos critérios do parágrafo anterior a este, havia toda a lógica em os convidar. E são excelentes pessoas, que dão o seu contributo, e temos muito orgulho neles.

Miguel Morão Abril 2003

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Entrevista com Miguel Morão (parte 1)

Ponto Prévio - Curriculum de MM enquanto pessoa ligada à temática de wargames e modelismo.Miguel Morão é uma pessoa dedicada ao modelismo em geral desde o início dos anos 70s, tendo-se convertido ao jogo de guerra muito cedo. Todas as coisas têm uma origem, e a minha fez-se no meu irmão. Este estudava num colégio interno em Lisboa, próximo do aeroporto, e começou a interessar-se pelos aviões que passavam por cima dele - estamos no tempo dos DC-6, Constellation, e afins: o apogeu do hélice. Em consequência começou a comprar kits, revistas, etc - no tempo em queMiguel Morão, presidente eclético, fotografa um T-28 não havia NADA - e o interesse passou para mim por osmose. O caso é que ele assinava a Airfix Magazine e estas eram todas depositadas lá em casa. Eu comecei por seguir o mesmo caminho, mas para não repetir o interesse dele pelos aviões virei-me para o modelismo militar, seguindo os artigos da revista  para as conversões e construções em scratch-build. E ainda fiz umas coisas interessantes.

E entretanto ia ficando intrigado com alguma publicidade que aparecia nas revista a jogos de simulação em mapas de hexágonos, algumas fotografias que surgiam sobretudo de figuras da Airfix em Napoleónicos...

Dá-se a minha mudança para Lisboa em 1973, onde tomo contacto com as pouquíssimas lojas que existiam, abrindo-se um mundo de contactos. Em sequência existe um curto período em que o João Diogo (de outras paragens) consegue uma salita numa colectividade do Largo do Calvário, onde venho a encontrar (sem nenhuma ordem em especial) o José Lagrange, o José Fialho, o Vítor Amorim..., personalidades formadoras de um modo de jogar em que não é importante o vencer, mas beneficiarmos da companhia uns dos outros e divertirmo-nos um bocado, e em que importante é também a aquisição de informação e conhecimento sobre os períodos e exércitos de que estamos a tratar.

A partir daí estávamos lançados: era o início de um percurso. Percurso que passou pelos meus Bizantinos em 1:300, os primeiros (descaradamente digo que foram escolhidos por serem o mais barato que se podia comprar, dada a carrada de pontos que cada catafracta custava), depois mais Bizantinos em 15mm, os primeiros também a não ser que o Jorge Neto me contradiga, e pela mesma razão (!), o encontro com mais personalidades como o Nuno Serra, o Pedro Nunes, o Pedro Valentim, o Especial, o Jorge Freitas, o Jorge Neto, etc, etc, etc, que diabo, não os posso mencionar todos!MM, ainda mais eclético, com o seu avianito cor-de-rosa!

Ainda em 1977 fiz-me sócio da Society of Ancients, uma organização internacional dedicada ao estudo da história e jogo de guerra nos períodos Antigo e Medieval. Mantenho-me como sócio desde então sem interrupção, o que faz de mim mais velho que o Matusalém e o Phil Barker juntos (o que não é pouco)!
       
Durante este tempo a actividade de jogo, depois de várias tentativas que sempre falhavam de encontrar sítio para jogar, realizava-se sobretudo em minha casa devido ao facto de eu na altura viver sozinho. Muita batalha lá se fez, de Antiguidade, de Napoleónicos, de 2ª Grande Guerra, Navais, jogos de tabuleiro, enfim, um pouco de tudo.
       
A vida foi correndo, e por necessidades de trabalho fui acumulando deslocações mais ou menos longas que me impediam de todo de jogar por falta de parceiros. Assim sendo acabei por arrumar as botas, por assim dizer, mas o bichinho continuava a roer. Acabei por me fazer sócio da AJSP por uns tempos, mas visto que estava deslocado não era capaz de justificar pagar uma quota elevada para não ser capaz de participar nas actividades. De modo que acabei por desistir, após uma passagem que pouco rasto deixou.
       
Regressando a Lisboa por um período maior, retomei os contactos, e após uma convulsão dentro da AJSP que levou à saída de um certo número de sócios, pessoas com que tinha relações de amizade, fundou-se a Almada 21 e se formou uma direcção, sendo eu convidado para presidente. O resto da história o futuro escreverá.
Miguel Morão Abril 2003

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Fantasia

Jogos em mundos alternativos, com criaturas e raças mitologicas, dragões, orcs, elfos, anões, etc, etc e onde a magia existe e funciona. Como o filme "O Senhor dos Anéis".

Talvez a regra (e universo) mais utilizado seja o Warhammer da Games Workshop.
Ficção Cientifica "Há muito muito tempo, numa galáxia muito distante.... Lasers, escudos energéticos, canhões de particulas, robots gigantes, blasters, etc, etc, etc, vale tudo!


sábado, 20 de novembro de 2010

Navais

São jogados nos mesmos períodos que os jogos terrestres, com modelos de navios, geralmente à escala de 1/1200 (se à vela) ou 1/2400 - 1/3000 para navios do sec XX. Trafalgar 1805, Midway 1943, Falkland 1985 tudo isto é jogado (e geralmente os japoneses ganham em Midway e os argentinos têm a sua desforra na sua guerra com os ingleses e as Falkland passam a chamar-se Malvinas...).





quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Século XX (e XXI)

Pré-II Guerra Mundial - 1900 a 1936 -  Das espingardas de repetição à divisão de armas combinadas. Todos sabemos que a I GM foi de 1914-1918, mas este período caracteriza-se pelo dominio da artilharia e metralhadoras, que só a partir de 1936 será desafiado pelo tanque e pelo avião.
 aaaaaguerra
II Guerra Mundial - 1936 a 1973 - Da Guerra Civil de Espanha - laboratório da 2ª GM - até á Guerra do Yom Kippur. Este período é dominado pela divisão blindada multi-armas. Fazemos a transição com o aparecimento em combate do missil anti-tanque teleguiado em 1973.
Soldados na guerra mundial Wallpaper Download
Modernos - 1973 a ? -  Periodo caracterizado pelo resurgimento dos exércitos profissionais (que tinham quase desaparecido desde as guerras napoleonicas) pelas munições de precisão, pelo cada vez mais importante desempenho das novas tecnologias (internet, informática, drones automáticos, etc).


terça-feira, 16 de novembro de 2010

Idade do Mosquete

de 1700 a 1870 - É um período que se caracteriza pelo uso de infantaria armada de mosquete
de carregar pela boca, disparando em salvas e manobrando em ordem unida; pela progressiva
perda de importância da cavalaria e principalmente pela ascenção da artilharia como arma
dominante.
É também aqui que começam a ser usados exércitos de mobilização geral, apoiados por uma
sociedade industrial. Neste período há quatro grandes sub-períodos.

Século XVIII - incluindo a primeira guerra global, a Gerra dos Sete Anos.
reprodução

Napoleonicos - 1792 a 1815 - inclui não só as campanhas de Napoleão e seus opositores,
mas também as guerras da Revolução Francesa. Neste período é incontornável a figura do
Imperador, apesar de existerem outros na Áustria e Rússia - mas quando se diz com
maiúscula só pode ser Napoleão Bonaparte.
Em termos de uniformes é um período de um colorido extraordinário, que permite uma grande
variedade de exércitos espectaculares. Está cheio de nomes sonantes como Valmy, Marengo, 
Lodi, Ulm, Austerlitz, Jena, Wagram, Friedland, Borodino, Leipzig, e também Corunha,
Bussaco, Talavera, Salamanca, Baylén, um chorrilho deles até Waterloo, quando isto acabou
tudo!

Guerra Civil Americana - de 1861 a 1865 - Também é chamada de Guerra da Secessão.


Coloniais - Periodo caracterizado pelas guerras coloniais das potências europeias um pouco por todo o mundo.


domingo, 14 de novembro de 2010

Renascença

De 1492 a 1700 - É a era do pique e do arcabuz. Do início do uso predominante da pólvora negra até à invenção da baioneta, que tornou desnecessários os piques nos campos de batalha.

Das guerras importantes deste período temos as muitas Guerras de Itália e a Guerra dos 30 Anos, e muito especialmente para nós, portugueses, a Guerra da Restauração da Independência de Espanha.

Uma regra muito popular para este período é DBR, que segue os principios DBM mas adaptados às especificidades da Renascença.


sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Idade Média

Idade Média é o convencionalmente considerada desde o final do Império Romano do Ocidente  até ao uso eficaz das armas de fogo (1500 d.C., ano do nascimento do imperador Carlos V, da descoberta do Brasil, da conquista de Milão por Ludovico Sforza).

Neste período as regras mais comuns são as DBM - batalhas com 200 a 300 figuras por exército - e as DBA - batalhas com duas a 4 dúzias de figuras por exército. Convencionalmente divide-se este período em 2 sub-períodos:

Alta Idade Média  - de 496 a 1072 - É o tempo da transição do império Romano do Ocidente para os regimes medievais, desde a fundação de Constantinopla até ao triunfo Turco Seljúcida.  
Assistimos à vitória das "invasões bárbaras", à explosão do Islão, à expansão Viking, criação dos reinos da Europa Oriental - Rússia, Polónia, Hungria, etc, à criação do Sacro Império, com Carlos Magno à frente.



Baixa Idade Média - de 1072 a 1500 - Desde a batalha de Manzikert, que confirma a derrocada do Império Romano do Oriente até aos tempos da descoberta do Brasil por Cabral, e do Japão por Cristóvao Colombo (bom, o pobre coitado estava convencido que tinha lá chegado, mas um engano qualquer pessoa tem!). É o tempo dos grandes castelos - Chatêau Gaillard, Coucy, le Krak de Chevaliers, Almourol...


A fotografia é tirada de uma festa anual em Arezzo, no norte de Itália.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Antiguidade

Vamos chamar Antiguidade ao período que vem desde o tempo em que a História não era registada. Falamos assim desde o inicio da actividade militar organizada na Suméria (3000 aC?), Egipto, India e China até à queda do Império Romano do Ocidente.

Para este período as regras mais comuns são as DBM - batalhas com 200 a 300 figuras por exército - e as DBA - batalhas com duas a 4 dúzias de figuras por exército. Convencionalmente dividiremos este período em 2 sub-períodos:

Biblicos - 3000aC a 700aC  - Do carro de guerra ao hoplita. Vêm-nos à mente nomes de grandes reis como Ramsés II, Assurbanipal, Sargão, Salomão, Ciro, David, para não esquecer Nabu-kudurri-Ussur, Supilulliuma e  outros que tais.
A imagem é a primeira representação conhecida de tropa organizada, um fragmento do Estandarte de Ur, uma tampa de caixa marchetada a lápis-lazuli e marfim do período Sumério.

Antiguidade Clássica - 700aC a 496 dC - Este nome de sabor bem vitoriano abarca um vasto período que vai hoplita ao ultimo imperador romano do Ocidente. Engloba grandes nomes como tudo o que é a expansão Grega, o império Romano, tanta coisa... Há nomes como Péricles, Alexandre o Grande, Antíoco III, Cipião o Africano, Aníbal (sem ser o de Boliqueime!), Júlio César, Vercingetorix, os grandes imperadores como Trajano, Hadriano, Septímio Severo, Diocleciano, é escolher...
A imagem é um impressionante capacete do tipo Coríntio.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O que fazemos...

Para nós a simulação histórica é uma actividade multidisciplinar e de grande interesse, requerendo e oferecendo conhecimentos vastos tirados da História, com ênfase nas interacções de carácter militar.
Afirmamos desde já que não temos de forma alguma qualquer intenção ou pendente militarista nem subscrevemos ou aceitamos qualquer ideologia agressiva. Reconhecemos no entanto o facto de o fenómeno do conflito - ou os seus precedentes ou sequelas - ser infelizmente uma  característica constante da actividade humana, que queiramos ou não, nos envolve e merece, por isso, mais que seja estudado do que ignorado, quanto mais não seja por precaução...
Passada esta curta justificação com um piscar de olho ao que é politicamente correcto dizer-se, afirmamo-nos como um grupo de "jovens" de idade indefinida, que partilha um interesse comum - a história militar - salientando a seriedade e a boa disposição e convívio agradável.
O que nós fazemos pode-se traduzir como um jogo de xadrez - com soldadinhos de chumbo, num cenário mais bonito e da nossa lavra e com as figurinhas pintadas por nós!
De modo que aliamos assim vários prazeres: o estudo, porque precisamos de conhecer o nosso exército e a história e sociedade que lhe estavam subjacentes; a pintura, o que nos desenvolve as nossas capacidades manuais cada vez mais desprezadas nesta sociedade frenética e desumanizada; o convívio, porque precisamos de nos dar bem uns com os outros para nos defrontarmos em lados opostos da mesa de jogo; e o próprio prazer de passar umas horitas a fazer pacatamente algo de que gostamos.
A simulação histórica é normalmente subdividida em períodos por uma questão de conveniência. Separamos diversos períodos segundo um critério mais ou menos vago de tecnologias análogas dentro de cada período. Os períodos considerados abaixo não podem ser divididos muito rigidamente por terem grandes margens que se entrelaçam. Além disso a visão é um tanto eurocêntrica, pois não sei como se poderá falar de uma Renascença em África ou no Oriente, visto ter-se tratado de um fenómeno europeu. Mas aceitemos esta divisão defeituosa como uma ferramenta de conveniência.
Assim falamos normalmente de:
- Antiguidade
- Idade Média
- Renascença
- Era do Mosquete (incluí Napoleónicos)
- Século 20
- Navais
- Fantasia