sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Artigos - Orgânicas na 2ª Guerra Mundial (parte 2)

... Simbologia

As organizações utilizam a simbologia corrente utilizada pela NATO por uma questão de uniformização e facilidade de leitura. Não é necessariamente a que era empregue pelas nações referenciadas, mas suponho que assim será mais fácil.
Aqui vão alguns exemplos mais habituais

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Artigos - Orgânicas na 2ª Guerra Mundial (parte 1)

... e o Jogo de Guerra

Qualquer corpo de tropas é constituído por uma combinação de pessoal e armamento de forma organizada. Esta organização surge não por acaso mas sim como reflexo da doutrina do exército a que pertence.
Estas estruturas são normalmente iguais dentro da sua categoria, de modo que se um elemento de pessoal for transferido de uma para outra, facilmente se integrará ao encontrar uma organização igual àquela donde saiu. Não só isso, como os comandantes sabem que dispõem de forças de constituição homogénea, e sabem o que hão-de esperar de cada sub-unidade, e a logística necessita saber quais são as necessidades de cada unidade.
Ora se nós na mesa de jogo tentamos reconstituir os feitos do passado, é bom que sigamos as mesmas estruturas de comando quanto mais não seja para podermos dispor dos mesmos instrumentos que os protótipos. De outro modo assistimos frequentemente na mesa de jogo a espectáculos de tropas completamente desequilibrados, e totalmente desligados da realidade.
Assim sendo, o que é de esperar encontrar numa mesa de jogo são unidades mais ou menos homogéneas e coerentes. O tempo dos "exércitos de carrinho de compras" (2 pelotões de Waffen-SS, com um Jagdtiger, dois Hetzers e um PzIV, tudo comandado por um Panzerorkscharfuhrer) já passou à arqueologia dos jogos de guerra. Mais tarde desenvolveremos o tema.

Em termos muito gerais e referindo-nos ao período da 2a. Guerra Mundial podemos descrever o modo de organização das tropas, esquematizando de baixo para cima.
Assim, diremos que o soldado de infantaria combate dentro de uma Secção. Uma secção era constituído por uma dezena de homens comandados por um sargento (ou patente equivalente). Cada soldado é armado com uma espingarda de repetição, manual ou semi-automática, e a secção dispõe normalmente de uma arma automática colectiva - uma metralhadora ligeira sob várias formas. Tacticamente o sargento divide a secção em duas Esquadras, de Arma Automática e Atiradores, que se apoiam e complementam.
Acima da secção temos o Pelotão, comandado por um oficial de baixa patente (alferes, tenente). O comandante do pelotão, com um pequeno estado-maior constituído sobretudo por pessoal de transmissões (nem que seja um estafeta) comanda 2 a 4 Secções, e por vezes dispõe de uma arma de apoio ligeira, como um ou dois morteiros até 50mm, e eventualmente armamento anti-tanque ligeiro, como armas lança-foguete - bazooka e afins.
Acima do pelotão vem a Companhia. Mais uma vez se mantém o mesmo esquema: um comando, um número de sub-unidades de manobra, e um número menor de sub-unidades de apoio. Aqui falamos de 2 a 4 pelotões de atiradores e um pelotão de armas pesadas, normalmente metralhadoras.
Acima da Companhia vem o Batalhão. O Batalhão é em muitos exércitos a unidade mais baixa capaz de operar independentemente. Assim, o Batalhão vem normalmente equipado com o seu Comando e Serviços, suas sub-unidades de manobra (as companhias) e uma série de sub-unidades de apoio que lhe dão flexibilidade suficiente para fazer frente a vários tipos de ameaça. Deste modo o Batalhão é dotado de meios orgânicos como componentes de engenharia, morteiros, armas anti-tanque, armas anti-aéreas, etc.
E por aí acima, seguindo-se (geralmente) o Regimento ou Brigada, Divisão, Corpo de Exército, Exército, e Grupo de Exércitos. É evidente que há muitas variações nacionais, mas o esquema é mais ou menos este.

Estas estruturas são por norma fixas, o que não impede os comandantes de redistribuírem forças dentro das suas organizações constituindo agrupamentos temporários. Por exemplo, um comandante de companhia se entender necessário ter a flexibilidade de distribuir as metralhadoras do seu pelotão de apoio pelos pelotões de manobra.
Isto que dizer que um comandante pode dispor dos meios sob o seu poder para reforçar as suas unidades. Seguindo o exemplo do parágrafo anterior acima, um comandante de pelotão veria assim a sua unidade reforçada com uma ou duas metralhadoras de maior capacidade de fogo.
Estas estruturas são como disse acima bem determinadas, eventualmente sujeitas a ligeiras variações voluntárias. No entanto não podemos esquecer que em qualquer ocasião e sobretudo em tempo de conflito, todas estas organizações funcionam a efectivos diferentes do previsto, mais concretamente diminuídas. Causas da diminuição? Sobretudo baixas por acção militar (mortos e feridos) e doença. Há que contar também com pessoal destacado para outras unidades e que ainda não regressou, recompletamentos que não chegaram ou que estão em instrução ainda, etc. Enfim, tudo o mais que puder cair sob a alçada da Lei de Murphy. Principalmente afectadas por esta redução de efectivos são as unidades que estão na linha da frente, na trincheira, por assim dizer. A infantaria numa grande unidade é quem sofre o maior número de baixas, de modo que é de esperar que as unidades de infantaria tenham habitualmente as organizações desequilibradas, com as tropas de apoio em relativo bom estado, e com as sub-unidades de atiradores mais ou menos desfalcadas.
Quanto ao equipamento, pode estar também reduzido por um sem-número de razãos: perda em combate, avaria simples, falha do material de tracção - motorizado ou hipomóvel, deficiência do pessoal operador, etc.
Sendo assim não surpreende a sardónica piada do SS-Oberstgruppenführer Sepp Dietrich a propósito da sua unidade: "O meu exército chama-se 6o. Exército Panzer porque tem 6 Panzers"!

Miguel Morão

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Artigos - Peças de Terreno - As Árvores (parte 2)

Cortam-se três ou quatro pedaços de arame de comprimento variável (no caso foram três troços com 13 cm), entrelaçando-se até uma altura considerada suficiente, tendo em atenção o suporte (raízes) e o que constituirá o suporte da copa (ramos).







Após isto, entortamos os arames superiores, dando a forma ao esqueleto. 
De notar que há casos (como este) em que não iremos ver os ramos, mas tão somente a copa.








Seguidamente, procedemos à colagem (com super cola) do esqueleto na base (cartão ou acrílico), após o que colamos (com super cola) a esponja que dará a forma à copa. 
Esta é uma das operações mais interessantes.









Neste ponto, temos de proceder a uma pequena rectificação: o acerto de cores; pois a esponja é muito clara. Com spray preto ou, na falta deste com uma aguada de preto, tinge-se a esponja.












Após a definição e pintura da copa, vamos dar forma ao tronco com a pasta de reparações (de notar que este poderá ser alterado posteriormente).











Pode-se dar como concluída a fase inicial. Segue-se o arredondamento da copa: com a colagem (com UHU ou cola líquida espalhada com um pincel) de tiras e pedaços do esfregão abrasivo vamos dar a forma final à copa: temos definida a árvore.

Chamo a atenção para o seguinte: a UHU deixa fios, a cola líquida tem um período de secagem bastante demorado. Como ainda não vi nenhuma árvore que fosse perfeitamente simétrica, sou contra a simetria das copas das árvores (para isso, compram-se já feitas).



Chegámos ao ponto em que procedemos ao embelezamento da copa, pincelando com cola líquida e deixando cair os pequenos flocos das maquetas.

No caso presente, o material cénico era muito claro, o que implicou uma posterior correcção de tom, polvilhando com outro mais escuro, tendo sido aplicada cola novamente onde se considerou necessário. 







Chegou a altura de se proceder à rectificação do tronco e preenchimento da base com a massa de reparações. 













Após estar concluído, basta esperar que seque para passarmos à fase de pintura. Esta, por se aproximar o final do trabalho, é das mais agradáveis: neste caso vamos somente pintar o tronco pois em relação às folhas já se conseguiu obter um tom que agrada graças aos materiais usados (a pintura de folhas fica para outro dia). 

A pintura de um tronco: já alguém viu um tronco castanho? Só de sobreiros após ter sido colhida a cortiça. De resto, os troncos têm um tom cinzento escuro, ou preto com laivos acastanhados, ou verde cinza; tudo depende da espécie. 


Com base nestes pressupostos, procede-se então à pintura do tronco e terreno da base.

E temos a nossa árvore. Faço notar que, devido ao tempo de secagem das colas, pasta e tintas, o tempo que se gasta a fazer uma é igual ao que se demora a fazer quatro.

Nuno Serra

sábado, 4 de dezembro de 2010

Artigos - Peças de Terreno - As Árvores (parte 1)

Há uns anos atrás, cheguei à conclusão que uma das coisas menos atractivas nas mesas de jogos são as peças de terreno. Com frequência se vêem centenas de figuras (melhor ou pior pintadas) a evoluir num terreno de uma pobreza franciscana. Um dos casos mais gritantes são as árvores: daquelas que se encontram no mercado, umas são feias (as mais baratas), as engraçadas são muito caras.

Procurei desenvolver uma maneira de obter árvores baratas, bonitas e com um dispêndio de trabalho moderado. O resultado pode ver-se na foto anexa.

No último torneio de DBA, notei um franco interesse por parte de diversos jogadores pela maneira como eram feitas as árvores e, com um pequeno empurrão do Hilário, cá estou a tentar passar para texto a experiência das árvores. Por hoje, vou só indicar os materiais, noutros artigos será feita a descrição da construção, acompanhada por fotos dos diversos passos.

Materiais:
-    Pasta para reparações (Polyfila, Hantek, Aquaplast, etc.);
-    Esponja de lavar loiça;
-    Fio eléctrico (descarnar o cobre - quanto mais grosso, mais difícil de trabalhar, mas mais resistente);
-    Esfregão abrasivo (verde) de lavar loiça;
-    Colas (Super Cola da Locktite ou similar, UHU, líquida Totocola ou similar);
-    Material cénico verde, um ou mais tons (pequenos flocos usados nas maquetes de comboios);
-    Cartão ou acrílico para a base;
-    Spray preto [pode ser substituído por pintura (aguada) manual].

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Entrevista com Miguel Morão (parte 3)

Depois de algum tempo de ausência, surges agora como presidente da A21, como é que isto acontece? 
Acontece pela razão que fui eleito… E fui eleito porquê? O facto de eu ter estado ausente nestes últimos anos criou em mim um certo distanciamento, um certo afastamento das crispações e dos problemas do passado mais recente. Na verdade, as pessoas que criaram a A21 estavam um tanto desgastadas por um processo de separação da outra associação de onde saíram, que teve contornos não totalmente agradáveis. De modo que a minha pessoa e o meu modo de pensar mais descomprometido com o passado pôde  trazer alguma estabilidade e algum pensamento fora dos moldes habituais. Por outro lado há a vantagem de eu estar livre de contenciosos, de modo que não há qualquer impedimento para seja quem for de qualquer origem poder tratar com o presidente da A21.

A A21 é um projecto pessoal?
Fico um bocado surpreendido com esta pergunta… Por um lado é pessoal, pois que se a A21 é tão pequena, as diferenças de personalidade entre os seus sócios marcam qualquer linha de acção, naturalmente. Por outro lado, não se trata de um projecto pessoal visto que as pessoas que constituem a Almada 21 têm um modo de pensar suficientemente fluido, maduro e desprendido para facilmente aceitar consensos, e até suprir a falta de qualquer dirigente em caso de necessidade. Quanto ao presidente, digo desde já que o cargo estará à disposição nas próximas eleições, e os votos dirão quem é o seguinte. Ninguém está agarrado a cargo nenhum, não há vanglórias.

Na A21 é dada grande ênfase à criação de núcleos/delegações fora da vossa área geográfica, seja no Peru ou no Benelux, a que se deve esse interesse por esta forma diferente de organização?
A Almada 21 tem um nome muito “localista”, mas isso é uma distorção causada pelo processo de registo. Chama-se Almada mas podia chamar-se O Mundo Todo… O que nos interessa não é uma localização geográfica, mas sim uma comunidade de interesses e afinidades pessoais. Temos sócios no Peru, no México, na Argentina, no Porto, no Benelux, na Grande Lisboa, mas trata-se como já disse de pessoas com afinidade pessoal e facilidades técnicas de contacto.
Ora esta dispersão geográfica tem uma implicação: os sócios mais distantes não têm grande facilidade em jogar com o “núcleo central”, chamemos-lhe assim. Então o que fazemos é auxiliar esses sócios mais afastados a constituir os seus núcleos. Fazemo-lo por transmissão de conhecimentos, de experiência do modo de constituir associações de pessoas de modo a que possam ao criar os seus núcleos locais poderem evitar ao menos os tropeções mais óbvios.

Com esta forma de organização a A21 pretende ser hegemónica ou pelo contrário pretende criar condições para o surgimento de novas e diferentes associações.
Se a A21 pretendesse ser hegemónica não teria futuro. É evidente que quem é sócio, está fisicamente afastado e quer formar o seu grupo o pode fazer, e tem todo o apoio possível do “Centro”. Se em altura oportuna esse grupo entender que não tem necessidade de depender da A21 em nada, pois que podemos nós fazer para contrariar? Encaremos isto como uma analogia ao processo das cidades gregas do período clássico, que enviavam colonos para fundar outras cidades mais afastadas. Correndo tudo bem mantinham um laço afectivo à cidade-mãe, mas eram autónomas.

A A21 não cobra qualquer quota aos seus associados, no entanto consegue financiar a participação de equipas suas em actividades, como é que consegue?
Não dispondo de fundos próprios, a A21 depende da boa vontade de outras entidades, quer privadas, quer públicas. O que se passa é que a A21 é uma organização idónea, com boas capacidades de realização, como já está comprovado. Por este motivo,  não encontra impedimento em obter patrocínios para as suas realizações, constituindo a A21 um bom suporte publicitário.

A A21 não cobra qualquer taxa de inscrição para a participação nas suas actividades. Assim sendo porque é que alguém há-de ser sócio da A21?
É muito simples… Mas vamos meter um parêntesis, e dizer que as taxas de inscrição podem não ser obrigatoriamente gratuitas Pode dar-se o caso de falhar um patrocínio, e então não se justifica que a A21 ande a pagar de seu bolso para outros aproveitarem. Acho que é de justiça.
É evidente que sendo as inscrições nas actividades da A21 gratuitas, aparentemente tanto faz ser sócio como não ser. Mas há mais do que isso. Ser sócio da Almada 21 tem outras obrigações e contrapartidas sem ser as financeiras. Existe a obrigação de se dar um contributo positivo para o jogo de guerra, existe a obrigação de manter um certo nível de comportamentos dentro da associação. Muito em resumo, posso dizer que é necessário um certo grau de civilização – o que não é fácil. Todos os sócios existentes da A21 cumprem estes requisitos e o facto de a A21 cobrar quotas do nível que cobra (zero!) dá-nos o direito de ser selectivos na entrada, ao contrário do que é costume em que se paga uma quota mais ou menos alta, o que leva as pessoas a pensar que com isso compraram direitos de origem divina.
Ainda não discutimos isto, mas penso que um bom lema para a Almada 21 poderia ser tirado de Shakespeare: “We few, we happy few, we band of brothers…” (Henry V, acto 4. Vão lá ler que vale a pena!).
O que é que a Almada 21 oferece em troca aos seus sócios? Materialmente oferece pouco, infelizmente. Por outro lado oferece uma garantia de bom convívio, de atmosfera de jogo muito competitiva e exigente, mas descontraída e bem-disposta, coisa rara. Oferece oportunidades de participação e de apoio às iniciativas dos sócios. E agora oferece também um espaço que não estava lá muito previsto, que é uma espécie de chantilly no bolo.

Para terminar, o que pretendes que venha a ser a A21?
A A21 é mais um passo num continuum de amizades que já vêm de trás. Espero que continue com o espírito com que está, e que sirva para espaço de encontro de mais amizades ainda que o futuro venha a trazer.  

Miguel Morão Abril 2003

domingo, 28 de novembro de 2010

Entrevista com Miguel Morão (parte 2)

Não tendo ainda 1 ano de vida e apenas 6 meses depois de se decidir a tal, a A21 tem já ao seu dispor uma sala de jogos. O que nos podes dizer sobre isto?

a) Porquê? Augusto Martins abre pela primeira vez a porta do nova sala
Esta sala de jogo surge mais ou menos involuntariamente. A Almada 21 foi constituída por pessoas que saíram por uma razão ou por outra de outra associação, e o modelo de alojamento desta tinha sido uma das componentes do processo que arrastou à saída da maior parte destes. Assim sendo estava imediatamente rejeitada a aquisição de um espaço do mesmo tipo e sob a mesma modalidade. Entretanto reconhecia-se a necessidade de existir um espaço mais pequeno onde fosse possível guardar em segurança e sem incómodo para nenhum sócio os materiais de cenário colectivos. Depois de muito esforço surgiu esta oportunidade. Foi uma surpresa, pois como dei a entender acima era muito mais do que o que se pretendia, mas na verdade a oportunidade era tão boa que não se podia deixar escapar.

b) Para quê? Como disse, principalmente para armazenamento de material de cenário e afins. Visto que o espaço chega e sobra para mais, podemos aproveitar para colocar umas mesas para jogos particulares, de instrução ou treino, etc. Além disso serve também como sala de visitas caso queiramos receber alguém mais dignamente. Para actuações mais vastas continuamos a preferir usufruir da hospitalidade de lojas, autarquias, etc., de modo a obtermos mais visibilidade pública, que naturalmente não temos se ficarmos enfiados no casulo. Mas temos que nos preocupar em ocupar o espaço com a dignidade a que estamos habituados e que merece a entidade que no-lo cedeu.

c) Onde se localiza? 
Na Caparica, no Parque de Sto. António, onde já fizemos um par de torneios, logo à direita de quem entra! O que quer dizer que ainda por cima as pessoas já estão familiarizadas com o local. Nada como um bom jogo com passarinhos a cantar e um parque de fora para se fazer um churrasquito  entretanto!

d) Foi difícil consegui-la?
Há alguma coisa que seja fácil? É claro que não. Não é com facilidade que se consegue obter alojamento seja para o que for, ainda por cima com as disponibilidades financeiras que a A21 tem. Foi preciso bater a muita porta, gastar rios de diplomacia, mas valeu a pena. Não há dúvida que os sócios da A21 devem um agradecimento aos que mais directamente se empenharam nesta tarefa, que por acaso costumam ser os mesmos que quando há qualquer actividade no exterior são os mesmos que acarretam material diverso, mesas, trabalhos levezinhos e que ninguém se lembra de agradecer...

e) impressões sobre a sala?
Esta é uma sala bastante vasta, pintadinha de branco o que lhe dá excelente luminosidade, com amplo espaço para quatro das nossas mesas standard de 1,80x1,20m. Duas janelas que dão para Oeste, para o parque de Sto. António da Caparica (erva, árvores, um minigolfe, assadores para um churrasco, etc!). WC a 15m, restaurantes e bares a 10 minutos a pé. Num dia sem trânsito, de minha casa na margem Norte até lá foram 20 minutos. No verão é pior por causa da praia, mas no verão só "cães raivosos e ingleses" (e eu!) se preocupam com wargames! Melhor só se fosse no Ritz com um benemérito a pagar a renda vitalícia!

O que é a A21? A A21 em acção! MM diz a PC que os seus húngaros falam búlgaro. PC ameaça transformar o nariz presidencial em peça de terreno.
A Almada 21 é uma organização pequena, compacta e homogénea. É uma entidade devidamente registada no Registo Nacional de Pessoas Colectivas, tem o seu corpo de sócios, tem os seus corpos gerentes devidamente eleitos em Dezembro do ano passado, tem toda a existência devidamente legalizada. Mas agora em termos que se entendam, a A21 é um grupo de pessoas que gostam de soldadinhos, gostam de os pintar, gostam de os manobrar em cima de uma mesa, e que gostam do convívio com pessoas que partilham os mesmos interesses. O que a distingue de outras associações é que na realidade há uma coesão especial entre os sócios, o que gera um excelente ambiente interno.
       
Curiosamente a A21 tem no seu activo um número de sócios não portugueses, mais concretamente da América Latina. Estes surgiram por vários contactos anteriores, e como entravam no âmbito dos critérios do parágrafo anterior a este, havia toda a lógica em os convidar. E são excelentes pessoas, que dão o seu contributo, e temos muito orgulho neles.

Miguel Morão Abril 2003

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Entrevista com Miguel Morão (parte 1)

Ponto Prévio - Curriculum de MM enquanto pessoa ligada à temática de wargames e modelismo.Miguel Morão é uma pessoa dedicada ao modelismo em geral desde o início dos anos 70s, tendo-se convertido ao jogo de guerra muito cedo. Todas as coisas têm uma origem, e a minha fez-se no meu irmão. Este estudava num colégio interno em Lisboa, próximo do aeroporto, e começou a interessar-se pelos aviões que passavam por cima dele - estamos no tempo dos DC-6, Constellation, e afins: o apogeu do hélice. Em consequência começou a comprar kits, revistas, etc - no tempo em queMiguel Morão, presidente eclético, fotografa um T-28 não havia NADA - e o interesse passou para mim por osmose. O caso é que ele assinava a Airfix Magazine e estas eram todas depositadas lá em casa. Eu comecei por seguir o mesmo caminho, mas para não repetir o interesse dele pelos aviões virei-me para o modelismo militar, seguindo os artigos da revista  para as conversões e construções em scratch-build. E ainda fiz umas coisas interessantes.

E entretanto ia ficando intrigado com alguma publicidade que aparecia nas revista a jogos de simulação em mapas de hexágonos, algumas fotografias que surgiam sobretudo de figuras da Airfix em Napoleónicos...

Dá-se a minha mudança para Lisboa em 1973, onde tomo contacto com as pouquíssimas lojas que existiam, abrindo-se um mundo de contactos. Em sequência existe um curto período em que o João Diogo (de outras paragens) consegue uma salita numa colectividade do Largo do Calvário, onde venho a encontrar (sem nenhuma ordem em especial) o José Lagrange, o José Fialho, o Vítor Amorim..., personalidades formadoras de um modo de jogar em que não é importante o vencer, mas beneficiarmos da companhia uns dos outros e divertirmo-nos um bocado, e em que importante é também a aquisição de informação e conhecimento sobre os períodos e exércitos de que estamos a tratar.

A partir daí estávamos lançados: era o início de um percurso. Percurso que passou pelos meus Bizantinos em 1:300, os primeiros (descaradamente digo que foram escolhidos por serem o mais barato que se podia comprar, dada a carrada de pontos que cada catafracta custava), depois mais Bizantinos em 15mm, os primeiros também a não ser que o Jorge Neto me contradiga, e pela mesma razão (!), o encontro com mais personalidades como o Nuno Serra, o Pedro Nunes, o Pedro Valentim, o Especial, o Jorge Freitas, o Jorge Neto, etc, etc, etc, que diabo, não os posso mencionar todos!MM, ainda mais eclético, com o seu avianito cor-de-rosa!

Ainda em 1977 fiz-me sócio da Society of Ancients, uma organização internacional dedicada ao estudo da história e jogo de guerra nos períodos Antigo e Medieval. Mantenho-me como sócio desde então sem interrupção, o que faz de mim mais velho que o Matusalém e o Phil Barker juntos (o que não é pouco)!
       
Durante este tempo a actividade de jogo, depois de várias tentativas que sempre falhavam de encontrar sítio para jogar, realizava-se sobretudo em minha casa devido ao facto de eu na altura viver sozinho. Muita batalha lá se fez, de Antiguidade, de Napoleónicos, de 2ª Grande Guerra, Navais, jogos de tabuleiro, enfim, um pouco de tudo.
       
A vida foi correndo, e por necessidades de trabalho fui acumulando deslocações mais ou menos longas que me impediam de todo de jogar por falta de parceiros. Assim sendo acabei por arrumar as botas, por assim dizer, mas o bichinho continuava a roer. Acabei por me fazer sócio da AJSP por uns tempos, mas visto que estava deslocado não era capaz de justificar pagar uma quota elevada para não ser capaz de participar nas actividades. De modo que acabei por desistir, após uma passagem que pouco rasto deixou.
       
Regressando a Lisboa por um período maior, retomei os contactos, e após uma convulsão dentro da AJSP que levou à saída de um certo número de sócios, pessoas com que tinha relações de amizade, fundou-se a Almada 21 e se formou uma direcção, sendo eu convidado para presidente. O resto da história o futuro escreverá.
Miguel Morão Abril 2003

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Fantasia

Jogos em mundos alternativos, com criaturas e raças mitologicas, dragões, orcs, elfos, anões, etc, etc e onde a magia existe e funciona. Como o filme "O Senhor dos Anéis".

Talvez a regra (e universo) mais utilizado seja o Warhammer da Games Workshop.
Ficção Cientifica "Há muito muito tempo, numa galáxia muito distante.... Lasers, escudos energéticos, canhões de particulas, robots gigantes, blasters, etc, etc, etc, vale tudo!


sábado, 20 de novembro de 2010

Navais

São jogados nos mesmos períodos que os jogos terrestres, com modelos de navios, geralmente à escala de 1/1200 (se à vela) ou 1/2400 - 1/3000 para navios do sec XX. Trafalgar 1805, Midway 1943, Falkland 1985 tudo isto é jogado (e geralmente os japoneses ganham em Midway e os argentinos têm a sua desforra na sua guerra com os ingleses e as Falkland passam a chamar-se Malvinas...).





quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Século XX (e XXI)

Pré-II Guerra Mundial - 1900 a 1936 -  Das espingardas de repetição à divisão de armas combinadas. Todos sabemos que a I GM foi de 1914-1918, mas este período caracteriza-se pelo dominio da artilharia e metralhadoras, que só a partir de 1936 será desafiado pelo tanque e pelo avião.
 aaaaaguerra
II Guerra Mundial - 1936 a 1973 - Da Guerra Civil de Espanha - laboratório da 2ª GM - até á Guerra do Yom Kippur. Este período é dominado pela divisão blindada multi-armas. Fazemos a transição com o aparecimento em combate do missil anti-tanque teleguiado em 1973.
Soldados na guerra mundial Wallpaper Download
Modernos - 1973 a ? -  Periodo caracterizado pelo resurgimento dos exércitos profissionais (que tinham quase desaparecido desde as guerras napoleonicas) pelas munições de precisão, pelo cada vez mais importante desempenho das novas tecnologias (internet, informática, drones automáticos, etc).


terça-feira, 16 de novembro de 2010

Idade do Mosquete

de 1700 a 1870 - É um período que se caracteriza pelo uso de infantaria armada de mosquete
de carregar pela boca, disparando em salvas e manobrando em ordem unida; pela progressiva
perda de importância da cavalaria e principalmente pela ascenção da artilharia como arma
dominante.
É também aqui que começam a ser usados exércitos de mobilização geral, apoiados por uma
sociedade industrial. Neste período há quatro grandes sub-períodos.

Século XVIII - incluindo a primeira guerra global, a Gerra dos Sete Anos.
reprodução

Napoleonicos - 1792 a 1815 - inclui não só as campanhas de Napoleão e seus opositores,
mas também as guerras da Revolução Francesa. Neste período é incontornável a figura do
Imperador, apesar de existerem outros na Áustria e Rússia - mas quando se diz com
maiúscula só pode ser Napoleão Bonaparte.
Em termos de uniformes é um período de um colorido extraordinário, que permite uma grande
variedade de exércitos espectaculares. Está cheio de nomes sonantes como Valmy, Marengo, 
Lodi, Ulm, Austerlitz, Jena, Wagram, Friedland, Borodino, Leipzig, e também Corunha,
Bussaco, Talavera, Salamanca, Baylén, um chorrilho deles até Waterloo, quando isto acabou
tudo!

Guerra Civil Americana - de 1861 a 1865 - Também é chamada de Guerra da Secessão.


Coloniais - Periodo caracterizado pelas guerras coloniais das potências europeias um pouco por todo o mundo.


domingo, 14 de novembro de 2010

Renascença

De 1492 a 1700 - É a era do pique e do arcabuz. Do início do uso predominante da pólvora negra até à invenção da baioneta, que tornou desnecessários os piques nos campos de batalha.

Das guerras importantes deste período temos as muitas Guerras de Itália e a Guerra dos 30 Anos, e muito especialmente para nós, portugueses, a Guerra da Restauração da Independência de Espanha.

Uma regra muito popular para este período é DBR, que segue os principios DBM mas adaptados às especificidades da Renascença.


sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Idade Média

Idade Média é o convencionalmente considerada desde o final do Império Romano do Ocidente  até ao uso eficaz das armas de fogo (1500 d.C., ano do nascimento do imperador Carlos V, da descoberta do Brasil, da conquista de Milão por Ludovico Sforza).

Neste período as regras mais comuns são as DBM - batalhas com 200 a 300 figuras por exército - e as DBA - batalhas com duas a 4 dúzias de figuras por exército. Convencionalmente divide-se este período em 2 sub-períodos:

Alta Idade Média  - de 496 a 1072 - É o tempo da transição do império Romano do Ocidente para os regimes medievais, desde a fundação de Constantinopla até ao triunfo Turco Seljúcida.  
Assistimos à vitória das "invasões bárbaras", à explosão do Islão, à expansão Viking, criação dos reinos da Europa Oriental - Rússia, Polónia, Hungria, etc, à criação do Sacro Império, com Carlos Magno à frente.



Baixa Idade Média - de 1072 a 1500 - Desde a batalha de Manzikert, que confirma a derrocada do Império Romano do Oriente até aos tempos da descoberta do Brasil por Cabral, e do Japão por Cristóvao Colombo (bom, o pobre coitado estava convencido que tinha lá chegado, mas um engano qualquer pessoa tem!). É o tempo dos grandes castelos - Chatêau Gaillard, Coucy, le Krak de Chevaliers, Almourol...


A fotografia é tirada de uma festa anual em Arezzo, no norte de Itália.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Antiguidade

Vamos chamar Antiguidade ao período que vem desde o tempo em que a História não era registada. Falamos assim desde o inicio da actividade militar organizada na Suméria (3000 aC?), Egipto, India e China até à queda do Império Romano do Ocidente.

Para este período as regras mais comuns são as DBM - batalhas com 200 a 300 figuras por exército - e as DBA - batalhas com duas a 4 dúzias de figuras por exército. Convencionalmente dividiremos este período em 2 sub-períodos:

Biblicos - 3000aC a 700aC  - Do carro de guerra ao hoplita. Vêm-nos à mente nomes de grandes reis como Ramsés II, Assurbanipal, Sargão, Salomão, Ciro, David, para não esquecer Nabu-kudurri-Ussur, Supilulliuma e  outros que tais.
A imagem é a primeira representação conhecida de tropa organizada, um fragmento do Estandarte de Ur, uma tampa de caixa marchetada a lápis-lazuli e marfim do período Sumério.

Antiguidade Clássica - 700aC a 496 dC - Este nome de sabor bem vitoriano abarca um vasto período que vai hoplita ao ultimo imperador romano do Ocidente. Engloba grandes nomes como tudo o que é a expansão Grega, o império Romano, tanta coisa... Há nomes como Péricles, Alexandre o Grande, Antíoco III, Cipião o Africano, Aníbal (sem ser o de Boliqueime!), Júlio César, Vercingetorix, os grandes imperadores como Trajano, Hadriano, Septímio Severo, Diocleciano, é escolher...
A imagem é um impressionante capacete do tipo Coríntio.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O que fazemos...

Para nós a simulação histórica é uma actividade multidisciplinar e de grande interesse, requerendo e oferecendo conhecimentos vastos tirados da História, com ênfase nas interacções de carácter militar.
Afirmamos desde já que não temos de forma alguma qualquer intenção ou pendente militarista nem subscrevemos ou aceitamos qualquer ideologia agressiva. Reconhecemos no entanto o facto de o fenómeno do conflito - ou os seus precedentes ou sequelas - ser infelizmente uma  característica constante da actividade humana, que queiramos ou não, nos envolve e merece, por isso, mais que seja estudado do que ignorado, quanto mais não seja por precaução...
Passada esta curta justificação com um piscar de olho ao que é politicamente correcto dizer-se, afirmamo-nos como um grupo de "jovens" de idade indefinida, que partilha um interesse comum - a história militar - salientando a seriedade e a boa disposição e convívio agradável.
O que nós fazemos pode-se traduzir como um jogo de xadrez - com soldadinhos de chumbo, num cenário mais bonito e da nossa lavra e com as figurinhas pintadas por nós!
De modo que aliamos assim vários prazeres: o estudo, porque precisamos de conhecer o nosso exército e a história e sociedade que lhe estavam subjacentes; a pintura, o que nos desenvolve as nossas capacidades manuais cada vez mais desprezadas nesta sociedade frenética e desumanizada; o convívio, porque precisamos de nos dar bem uns com os outros para nos defrontarmos em lados opostos da mesa de jogo; e o próprio prazer de passar umas horitas a fazer pacatamente algo de que gostamos.
A simulação histórica é normalmente subdividida em períodos por uma questão de conveniência. Separamos diversos períodos segundo um critério mais ou menos vago de tecnologias análogas dentro de cada período. Os períodos considerados abaixo não podem ser divididos muito rigidamente por terem grandes margens que se entrelaçam. Além disso a visão é um tanto eurocêntrica, pois não sei como se poderá falar de uma Renascença em África ou no Oriente, visto ter-se tratado de um fenómeno europeu. Mas aceitemos esta divisão defeituosa como uma ferramenta de conveniência.
Assim falamos normalmente de:
- Antiguidade
- Idade Média
- Renascença
- Era do Mosquete (incluí Napoleónicos)
- Século 20
- Navais
- Fantasia