sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Artigos - O Mito do Panzergrenadier (parte 3)

A nova viatura

Já temos então uma ideia da proporção aproximada das distribuições dos meios de transporte de pessoal, blindado e não-blindado, ou mecanizado e motorizado, por outra terminologia. Convinha também referir que existe uma diferença muito importante entre estas duas formas de meio de transporte - a mobilidade. De facto, o transporte motorizado de que temos vindo a falar até aqui não passava de um simples camião ligeiro, de tracção a um eixo só, isto é, próprio para se deslocar em estrada (é melhor do que andar a pé!), mas totalmente incapaz de acompanhar um tanque em todo-terreno. Qualquer de nós que tenha experiência de viaturas de tracção às quatro rodas sabe que as coisas às vezes não são muito fáceis num jipe especializado, quanto mais numa camioneta com uma dezena de sujeitos em cima. 
Para o efeito de acompanhar a formação blindada em todo-terreno foram feitas experiências em vários países (Alemanha, EUA, França, Inglaterra), seguindo várias fórmulas. O resultado alemão - similar ao americano - foi uma conversão de um chassis de camião em que o rodado traseiro foi substituído por uma lagarta. O rodado dianteiro não tinha tracção, servindo apenas para comando de direcção. Este chassis levou uma carossaria em chapa blindada, de aparência bastante angulosa, que tinha um inconveniente: obrigou a que o volante ficasse num ângulo negativo, isto é, o topo do volante estava inclinado para o condutor ao contrário do que é costume, o que dava uma condução muito desconfortável.
Com esta viatura, o Sdkfz 251, estava satisfeita no exército alemão a necessidade de uma viatura todo-terreno blindada, capaz de transportar uma secção de infantaria. O Sdkfz 251 foi fabricado numa vintena de fábricas diferentes, e tinha uma grande capacidade de adaptação, sendo fabricado num total de 22 versões oficiais para diversas funções, fora as variações, sofrendo também melhoramentos e modificações para simplificar a produção. 

Miguel Morão

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Artigos - O Mito do Panzergrenadier (parte 2)

Orgânicas

Esta nova forma de divisão, Panzergrenadierdivision - divisão de granadeiros blindados - continha (em teoria) um batalhão de tanques ou de canhões de assalto, do modelo corrente na altura, e de dois regimentos a três batalhões de infantaria, inteiramente motorizada. Os regimentos de infantaria foram reforçados com uma dúzia de peças anti-aéreas de 20mm auto-propulsionados, tipicamente em cima de tractores meia-lagarta Sdkfz 10, e com uma bateria de obuzes de 15cm auto-propulsionados, de diversas naturezas, mas vulgarmente tipo "Grille", ou seja, obuzes pesados de infantaria sIG33 em reparo auto-propulsionado em chassis de Pz II, Pz 38(t), por exemplo, podendo variar muito. A logística agradecia!
O batalhão de reconhecimento foi também amplamente reforçado, contando uma companhia em carros blindados, duas de infantaria em motociclo, e uma companhia de armas pesadas. Dos seis batalhões de atiradores da divisão, com sorte uma companhia podia ser montada em viaturas blindadas meia-lagarta, os "tais" Sdkfz 251 da mitologia, também conhecidos por SPW (Schützenpanzerwagen - carro blindado de atiradores).
Aqui uma nota importante: todos os números dos dois parágrafos anteriores,bem como de qualquer parágrafo posterior referente a orgânicas, são extremamente contingentes, isto é, podem variar muito com a época em que as orgânicas são definidas, de caso a caso, e conforme as circunstâncias. O que quer dizer, por exemplo, que uma certa divisão Pzgrn. Waffen-SS podia ao arranque ter 3 regimentos de infantaria e não 2, podia ter mais sub-unidades em meia-lagarta, e depois de um mês de combate ter levado tantas no focinho que se conseguisse mobilizar um par de companhias a andar a butes era uma sorte. Cá temos uma bela e brava divisão Waffen-SS a duas companhias! Não há orgânica nem opinião, por mais dogmática, que resista! Avançar números relativos a orgânicas tem sempre que ser condicionado às circunstâncias. Em caso de dúvida, arredondar sempre para baixo!
Quanto à Pazerdivision, o modelo de 44 continha dois regimentos de Panzergrenadiere a dois batalhões de infantaria cada - mais apoios - dos quais um dos quatro batalhões seria montado em meia-lagarta, tendo em atenção as reservas feitas acima. Leram bem? Um batalhão mecanizado em quatro numa divisão blindada!
Esta questão toda das orgânicas é complexa e merece bem uma multiplicidade de artigos só para ela, dada a sua vastidão, e interesse directo para o jogo de guerra. Como a intenção deste artigo não é descrever orgânicas, não entrarei em mais pormenores por agora, fica para depois...

Miguel Morão

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Artigos - O Mito do Panzergrenadier (parte 1)

Temos aqui um belo exemplo da arte de propaganda alemã da 2ª Grande Guerra que ilustra de forma magnífica a ligação directa entre o Granadeiro de Frederico o Grande e o seu suposto herdeiro Granadeiro Blindado. A imagem foi tirada de uma publicação de propaganda das forças armadas alemãs da altura chamada "Signal". Realmente, como diz o ditado "Quem não viu Lisboa não viu coisa boa", quem nunca viu a Signal (e congéneres, como a "der Adler", da alçada da Luftwaffe) deixou para trás um arquivo de imagens de propaganda (e outras) notável...
Ora esta imagem e as suas semelhantes, destinada a glorificar a imagem do soldado, pretendia (e pretende, isto começou cedo e nunca acaba, na Alemanha nazi como em todo o lado) incutir mitos de superioridade nas nossas mentes. Foi tão eficaz que perdura ainda a imagem mítica do Panzergrenadier conquistador, que leva tudo à sua frente dentro do seu blindado meia-lagarta. 
Esta imagem de romântica hiper-eficiência merece ser analisada com mais cuidado. Vamos lá começar pelo princípio - o que é a Infantaria.
A Infantaria é uma Arma mais ou menos flexível (o que depende da mais da inspiração do comndante do que da boa vontade do comandado) que tem entre várias outras as funções de conquistar o seu objectivo pelo fogo, movimento ou choque, ocupar o objectivo e impedir que lhe façam o mesmo! Infelizmente tem que fazer isso a pé, o que é fatigante, e não tem debaixo dela uma coisa de casca grossa e com lagartas, que é o que dá "frisson" numa mesa de jogo. Mas falemos a sério.

A mobilidade estratégica

O meio de transporte clássico da infantaria sempre foi o par de botas, havendo. Durante a Guerra da Secessão dos Estados Unidos foi introduzida uma inovação para o deslocamento da tropa em longas distâncias: o caminho de ferro. No entanto afastando-se do eixo ferroviário, a infantaria tem que se deslocar por meios próprios, donde a necessidade de transporte motorizado a fim de permitir manter a deslocação rápida.
A necessidade de motorização da infantaria intensificou-se com a criação das tropas blindadas, totalmente motorizadas, dado o requisito de fornecer mobilidade à infantaria para acompanhar a tropa blindada.
De modo a resolver o problema da mobilidade estratégica reduzida começou a aplicar-se a motorização em escala crescente a partir do momento em que a instituição militar reconheceu a utilidade do automóvel: cedo! O crescimento desta motorização dependia dos recursos de cada nação, sendo mais intenso nuns que noutros, naturalmente. Para o caso que nos interessa, ao princípio da 2ª Grande Guerra os únicos dois exércitos que tinham a infantaria completamente motorizada, isto é, que já não utilizavam um único cavalo para rebocar o seu equipamento e trem, eram o Britânico e o Americano (com excepção para tropas de montanha, mas este é um caso à parte), mais nenhum.
Mesmo assim nestes dois exércitos a infantaria propriamente dita não tinha camiões de transporte orgânicos. Estes pertenciam a unidades de trem que podiam ser atribuídas a unidades de infantaria e re-atribuídas a outras unidades conforme as opções do comando. Nos outros exércitos, bem, algumas unidades eram motorizadas e outras não... Na maioria eram não!
Este "não" inclui o exército Alemão. De facto, a produção de viaturas nunca foi suficiente em quantidade para as necessidades. Além do mais, dadas as particularidades da organização da indústria alemã, ou antes pela ausência de organização, levou-se tempo a pôr em marcha a produção em massa de viaturas com características militares - até à entrada em funções do ministro Speer a produção dava ênfase a viaturas com características civis. Mas esta história da interferência dos poderes civis (o Partido Nazi) nos assuntos militares é uma questão tenebrosa, à qual haverei de voltar no futuro noutro contexto.
O exército alemão durante toda a guerra separou a sua infantaria em duas - motorizada e não-motorizada, tendo a motorizada mais ou menos estatuto de elite. As divisões motorizadas funcionavam como as britânicas, sendo a infantaria dependente de unidades de transporte fornecidas de escalão superior. Os apoios (artilharia, reconhecimento, comunicações, etc) dispunham de transporte próprio.
De acordo com o pensamento oficial, não era crítico o facto de o grosso da infantaria não ser motorizado. A intenção era dispor um número limitado mas muito bem equipado de tropas de choque blindadas, apoiadas por infantaria mecanizada. A infantaria não motorizada tinha por função consolidar os ganhos das formações rápidas, e ocupar o território conquistado.
Esta separação não constituía problema de maior no quadro de uma guerra na Europa Ocidental, dada a existência de uma rede ferroviária extensa tanto no tempo da 1ª GG, como nas campanhas dos Países Baixos / França, em que as distâncias a percorrer desembarcado eram relativamente curtas. O caso mudou de figura radicalmente quando se "inaugurou" a frente Leste, na qual a rede ferroviária era muito mais esparsa e sujeita a sabotagem constante; e a rodoviária não correspondia às classificações atribuídas nos mapas. Aí, estradas (quando as havia) de primeira no mapa podiam corresponder a estradas de terra batida que se transformavam num lamaçal à primeira chuvada. 
Na frente Leste (e na Ocidental quando as forças aéreas começaram a escavacar metódica e completamente a rede de transporte ferroviário) a infantaria simples começou a ressentir-se de grandes problemas devido à trágica combinação de dois factores: enormes extensões de frente a cobrir, e a falta de mobilidade estratégica. A única formação móvel de que a divisão de infantaria alemã dispunha para deslocar de um ponto de emergência para outro era o batalhão de reconhecimento, que se via obrigado a acumular funções de corpo de bombeiros (um termo que aparece muita vez no contexto do exército alemão...), a apagar os "fogos" que constantemente apareciam. Este batalhão de reconhecimento, embora dispondo de uma componente de carros blindados, etc, continha uma força de infantaria, móvel por ser montada, a cavalo ou a bicicleta...
De modo que a divisão de infantaria motorizada era uma divisão de infantaria normal, mas dotada de meios de transporte mais rápido (e menos fatigante) em estrada, uns próprios, outros atribuídos. En termos de terminologia, a divisão de infantaria normal distinguia-se da motorizada pelo sufixo: Infanteriedivison e Infanteriedivison (mot.).
A partir de certa altura foi reconhecida a necessidade de criar divisões de acompanhamento próximo das divisões blindadas. O processo consistiu alterar a orgânica e dotação da divisão de infantaria motorizada de modo a reforçar a divisão em mobilidade e poder de fogo. 

Miguel Morão

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Entrevista com César Ayalla (parte 3)

Na tua opinião o que leva alguém a ser sócio da A21?
        Primero la amistad y despues la decisión, no existe un 'evangelio' donde se encuentre "escrito sobre piedra" todos los "beneficios" que te da el ser miembro de la A21, el interes de participar no va por el lado material sino por la satisfacción personal, es simplemente el hecho de participar en un grupo organizado, nuevo, diferente y mundial. Nos une principalmente el deseo de colaborar, participar y aprender con lo que somos y con lo que sabemos. 

Sendo a A21 um espaço multilíngue e pluricultural como é que tu vês os portugueses neste contexto?
   
      Dificil pregunta pues no se podria generalizar a todos, cada uno de los que conozco tiene su particularidad y personalidad, en general su participación en el espacio de la A21 es muy abierta y alegre, utilizan un humor directo sin llegar a vulgar (salvo una que otra excepción incluyéndome). Ahora que en lo referido a los trabajos y tiempo que le dedican a la aficion de difundir los pasatiempos, como se diría castizamente: 'pues hombre, me quito el sombrero'...

        Creo que el conocernos ha sido parte de un proceso mutuo de irnos sorprendiendo al descubrir en la otra persona a alguien muy cercano a uno mismo, creo que el éxito de esto se da principalmente por el hecho de mantener una horizontalidad en la comunicación, no se ha dado el caso ni de paternalismo ni de subordinacion en la relación que tenemos con los amigos de Portugal, existe como en toda comunidad mayor trato de amistad más con unos que con otros, pero esto es asi como en todo grupo humano, principalmente por la frecuencia que mantenemos en las comunicación.

Para terminar, o que pretendes que venha a ser a A21 e núcleo/delegação da A21 - Perú?
 
  
     En lo personal pienso que el rumbo trazado por la A21 es de por si una nueva forma de organización internacional, existe actualmente en los diferentes núcleos de la A21 ubicados en diferentes países el 'capital' humano y la capacidad para poder ir consolidándose tanto en el desarrollo de los juegos de simulaciónhistórica como en otras actividades similares y/o complementarias. Por lo quesin ser un Nostradamus vemos un futuro donde se van a ir consolidando la A21 ysus asociados. 

Abril 2003

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Entrevista com César Ayalla (parte 2)

O que é, na tua opinião a A21?
  
      Es una asociación formada por un grupo de 'locos', que a diferencias de otras entidades se unen y relacionan alrededor de la palabra amistad, por eso es que nuestra sana 'locura' muestra resultados y logros a la vista, a diferencias de otras instituciones donde la burocracia y el formalismo son limitantes para el desarrollo, nuestro 'locura' nos permite accionar sin tener restricciones ni limites, si algo se puede hacer (asi sea una idea descabellada), simplemente se hace, pues para empezar nos rejimos bajo un principio simple quien propone la idea es quien la implementa, asi de sencillo y de compleja es nuestra A21, en su locura creativa, con esto que consigues casi todo por ejemplo: siendo una Asociación constituida en Portugal tener socios en varios continentes, en menos de un año haber conseguido su local con infraestructura incluida, ser gestora de Torneos y participe internacional en eventos, mantener operativo una website y un grupo de 'captacion de locos' :-)  

Na A21 é dada grande ênfase à criação de núcleos/delegações fora da vossa área geográfica, seja no Peru ou no Benelux  ou noutro lado , a que se deve esse interesse por esta forma diferente de organização?
        Para redondear las ideas anteriores, es facil comprender por lo antes mencionado que este interes de formarse como entidad internacional, nos permite constatar un hecho muy simple, para la A21 no existen las fronteras, los limites que dividen a nuestros pueblos han caido, es una nueva forma de plantear las relaciones, respetando la base cultural de cada uno pero dejando caer los prejuicios y/o marcos que nos tenian bloqueados dentro de un territorio, la A21 aprovecha en su gestación el lado positivo de la comunicación globalizada y es de esta manera en que cada uno de los que la integra aporta con lo suyo, al final encuentras en la A21 una sintesis universal de conocimientos y experiencias, las mismas que lejos de ser estaticas mantienen un movimiento constante en la comunicación que entre sus miembros constantemente se realiza.
        Desde el mandarnos mensajes muy puntuales, el fastidiarnos mutuamente, el compartir fotos o imágenes graciosas, hasta el elaborar articulos de interes historico o cultural, asi como los analisis de estrategias de los juegos que practicamos, todas estas son formas en las que participamos de un continuo aprendizaje, situacion que es muy particular de la A21. 

Com esta forma de organização a A21 pretende ser hegemónica ou pelo contrário pretende criar condições para o surgimento de novas e diferentes associações.
         La A21 mas que hegemonica es una entidad promotora de una nueva forma de organización, las condiciones de difusion son implicitas en su practica abierta y permisible, lo demuestran las ultimas actividades orientadas a la difusion del Warhammer Fantasy. Es la propia dinamica en que se encuentren las diferentes delegaciones las que va a permitir el que en cada una de ellas se pueda ir concretado mecanismos de formalizacion local. Mas que dependencia hablamos aquí de interaccion y cooperacion entre iguales, pues partimos y nos mantenemos en un mismo tronco comun que es la A21. 

No contexto da A21 qual é o papel do núcleo/delegação da A21 - Perú?
        Esta pregunta es muy dificil, el nucleo peruano de la A21 esta formado por César Ayala y Ramon Ostolaza, el amigo ramonicus como fraternalmente le digo es una de las personas con mayor trayectoria en juegos wargames que hay en el Peru.

        Mantenemos el criterio de difusion en los otros paises sudamericanos habiendo entrado no hace mucho en contacto con un nucleo de jugadores de hermano pais de Chile, con quienes espero podamos contar con una comunicación fluida. En el nivel interno de la A21 tenemos pendiente el participar con propuestas para la conformacion del archivo de la Asociación tarea que aun estamos por comenzar.

Quais são os objectivos do núcleo/delegação da A21 - Perú?
       
 Nos hemos trazado como plan ambicioso el difundir la practica DBA la misma que esperamos durante este año ya tener un poco consolidada, la principal limitacion al respecto es la falta de insumos para jugar lo que venimos supliendo con las 'fichas universales' preparadas por el RO. Por otro lado no dejamos la parte estrategica ligada a los juegos que actualmente se practican en el Peru, principalmente para mantener el contacto con nucleos de jugadores que en estos momentos ya existen en Lima, principalmente alrededor del Warhammer (RO) y del Mechwarrior (CA-RO).

Abril 2003