domingo, 20 de março de 2011

Artigos - Fazer Moldes Próprios (parte 2)

A caixa de Lego
Para construirmos o molde precisamos de fazer uma caixa para receber os materiais. Esta caixa tem que ser capaz de ser desmontada e reconstruída exactamente com as mesmas dimensões. Depois de experimentar vários métodos (cartão, vidro acrílico, etc) cheguei à conclusão que o melhor era usar peças de Lego.
Assim vamos construir uma caixa capaz de receber uma cama de plasticina mais umas certas margens para as paredes. Até aqui não há grande ciência...
Para construir a caixa pousamos a figura sobre a base onde a caixa irá assentar - de preferência uma base da Lego mesmo, uma daquelas verdes onde se constroem casas, e depois colocamos peças longas nos lados e topos, repeitando aproximadamente as dimensões indicadas na figura.

A camada de plasticina
Podemos então começar por cobrir o fundo da caixa com plasticina, em esferas mais ou menos regulares, com uns 5 a 8 mm de diâmetro - não é muito crítico. Convém para todas as operações, que a plasticina esteja meio amolecida (à temperatura da mão). Fria é muito aborrecida de trabalhar.
Depois da 1ª camada, aplicamos um rectângulo de plástico de cozinha - com a área da base do molde, mas sem grande rigor - para facilitar desmanchar o molde mais tarde.
Em seguida podemos aplicar com mais cuidado outra camada de plasticina, desta vez em esferas mais pequenas, e depois calcamos e alisamos com uma espátula.




Ferramentas
A propósito de espátula, vamos falar um pouco disto. Eu uso algumas espátulas etc que eu próprio fiz reaproveitando cabos de pincéis velhos. Também tenho mais alguns cilindros de madeira com ponta arredondada que são muito úteis para nivelar a plasticina, como no passo acima.
Estas espátulas, como se vê pelo aspecto, já fizeram muito bom serviço!


Colocação da Figura
A figura é colocada sobre a cama de plasticina fazendo a sua base um ângulo de uns 30º para evitar formação de bolsas de ar. Em seguida sobe-se o nível da cama de plasticina até chegar ao nível das linhas de moldação da figura. Esta operação é a mais difícil e meticulosa do processo. Implica estudar bem a figura previamente para se determinar por onde as duas metades do molde se vão dividir de forma a evitar que a figura fique de alguma maneira presa. O melhor é pegar nalgumas figuras já existentes, a pé e a cavalo, e examiná-las bem para ver por onde passam as linhas de separação de moldes.
A plasticina deverá idealmente ficar próximo da perpendicular onde toca na figura.
Caso não se perceba muito bem, nas duas imagens abaixo o que se quer representar é um corte pelas pernas da figura, viso de cima.






Gitos
Depois de a figura estar bem acamada na sua base de plasticina, vamos tratar dos "gitos". Este termo estranho designa os canais por onde o metal chega à figura (gitos de enchimentos) e os canais por onde escapa o ar para dar lugar ao metal (gitos de respiro).
Vamos então ao gito de enchimento. Levamos um palito (de secção redonda para facilitar) de pontas cortadas para ser um cilindro, desde a parte mais alta da figura a reproduzir - normalmente a cabeça - até ao topo da caixa, deixando uma folgazita neste topo. O palito é meio enterrado na plasticina, e sobe-se se necessário o nivel desta para ficar meio-cilindro submerso.
No topo do molde e por cima do gito de enchimento construímos um meio cone em plasticina de modo que a base tenha uns 15-20mm de diâmetro. Este cone vai constituir o funil de enchimento.
O encontro do palito com a cabeça da figura é acertado cuidadosamente com alguma plasticina.
Para os gitos de respiro, assentamos um palito de cada lado da figura, com a parte superior obliquando para os lados do molde. Estes gitos não tocam na figura.
Por fim, com uma cabeça de lápis ou com a ponta de um cilindro de madeira fazemos duas impressões na plasticina só com alguns milímetros de profundidade em cantos opostos do molde, para permitir o alinhamento das metades do molde mais tarde na fundição (pormenores marcados com "A" na ilustração).

Miguel Morão


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